Michael fez desabafo antes de doping: 'O que estou fazendo aqui?'.
Depois do caso de doping do atacante Michael por uso de cocaína, o Fluminense trabalha para evitar novos casos de envolvimento com drogas em Xerém. Para isso, investe em palestras educacionais, assistentes sociais e exames laboratoriais periódicos (de sangue e de urina) - que não têm por objetivo principal detectar o uso de tóxicos, mas também servem para esse fim. No caso específico de Michael, que segue treinando normalmente desde o problema, o clube já o encaminhou para um tratamento, manteve o pagamento do salário integral e conseguiu fazer com que o pai do jovem de 20 anos, Anselmo, passasse um período no Rio de Janeiro ao lado do filho.
A mudança, porém, não é definitiva. A diretoria bem que tentou convencer Anselmo ou a mãe, Dalva, a morar na capital, mas a ideia foi rechaçada. Muito por conta da irmã mais nova do atacante, que tem oito anos e também precisa de cuidados da família.Ajudante de pedreiro na infância, o atacante vem de origem humilde e nasceu na pequena cidade de São Francisco de Sales, local com pouco menos de seis mil habitantes no interior de Minas.
- O pai vai ficar um tempo aqui no Rio com o Michael, mas não é uma mudança definitiva - explicou o diretor executivo Rodrigo Caetano, que sempre reforçou a posição do clube de prestar o apoio necessário para o jogador voltar a atuar no futuro.
Morando sozinho desde que deixou o alojamento de Xerém, após ser integrado ao elenco profissional no início de 2013, o atacante sempre sofreu com a saudade da família e chegou a expor seus sentimentos em uma postagem no Facebook no último dia 18 de março.
- Eu imaginei que seria difícil. Sozinho, então... Achei que seria impossível. Mas não parei. Caminhei como pude. Chorei, sorri. Emoções não faltaram. Hoje passei o dia todo pensando. O que eu estou fazendo aqui? Longe de tudo que eu gosto, das pessoas que eu amo, da minha família. Isso tudo atrás de um sonho? Eu só não sei se serei forte o bastante para conseguir. Enquanto isso, vou lutando, chorando, sorrindo. Estou aqui, pode me julgar. Perfeito eu não sou. Mas não vou parar... - escreveu o atacante dias antes do problema.
Em conversa com os dirigentes após a divulgação do exame, Michael admitiu o uso da cocaína - por mais de uma vez. Ele, no entanto, garantiu que não é viciado e citou que não fazia uso da droga havia algum tempo até uma festa recente. O fato teria acontecido em uma comemoração pelos três gols marcados na vitória por 3 a 1 sobre o Macaé, partida realizada dez dias antes do triunfo por 2 a 0 sobre o Resende, no dia 6 de abril, data em que atacante realizou o exame antidoping. Segundo especialistas, exames de urina podem detectar a droga até 14 dias após o uso.
De acordo o coordenador geral das categorias de base do Flu, Fernando Simone, o objetivo é realizar um trabalho preventivo e tentar conscientizar os jogadores dos males que as drogas podem trazer a suas vidas e carreiras.
- Sempre fazemos palestras e tentamos orientar os jogadores a toda hora. Temos também assistentes sociais em Xerém. Fazemos periodicamente exames laboratoriais, de sangue e de urina, que não são para isso especificamente, mas que são capazes de detectar o uso de drogas. Podemos fazer alguns exames surpresas também. O certo é que vamos continuar nos prevenindo sempre - garantiu o dirigente, sem autorização para falar especificamente do caso Michael.
Depois de assumir o uso da droga e o Fluminense dispensar a contraprova, Michael será suspenso preventivamente por 30 dias. A partir daí, o advogado Mário Bittencourt, responsável pelo caso do jogador no caso, terá cinco dias para apresentar a defesa prévia. Em seguida, o STJD vai marcar a data do julgamento, que deve ser realizado até o meio de junho. A pena pode ser de até dois anos de suspensão. Após o resultado, os órgãos internacionais antidoping poderão ou não recorrer da decisão.
0 comentários:
Postar um comentário